E o ex-precariado rebela-se também

Dentro deste envelope vai um abaixo-assinado, da Finlândia para Portugal.

É uma contribuição para o abaixo-assinado promovido pelo grupo de trabalho FERVE, que estão Fartos d'Estes Recibos Verdes que infectam o mercado de trabalho em Portugal. Consegui recolher 7 assinaturas, de entre os portugueses que cá vivem. Alguns deles relataram como também tinham sido afectados por este vírus verde quando viviam em Portugal.

De Helsínquia para os nossos parlamentares de S. Bento, 7 gritos de protesto de 7 jovens licenciados e emigrados, a exigir uma vacina que combata a precaridade do trabalho em Portugal.

Já vem o Outono, ruma ao Norte...

E cheguei outra vez aos dias fresquinhos do fim de Verão finlandês. Para aproveitar os últimos raios do sol nórdico neste ano fui a Nuuksio, um parque natural às portas de Helsínquia. Um parque encantado. Diz-se que lá há esquilos voadores mas eu não vi nenhum. Estive foi quase a ver, por várias vezes, uns duendes a sair de debaixo dos cogumelos!

FAbRICA

O país traz muitas dificuldades a quem quer fazer carreira na arte, mas há sempre quem lute contra a corrente. Um belo exemplo disso foi a exposição FAbRICA que uns amigos lá da FBA organizaram, através da associação Innuendo, juntando no velho espaço do Diário Popular (Interpress), ao Bairro Alto, uma série de artistas de campos multidisciplinares. Entre pintura, fotografia e instalação juntaram-se também outros artistas como músicos, performers e VJs, numa série de noites dedicadas à cultura e convívio. Eu dei-lhes uma mãozinha para a elaboração do catálogo, e estive presente na noite da inauguração. Entre amigos, tá-se bem...

No Verão, rumar ao Sul

Bem, frustadas as expectativas da nave espacial, a viagem de regresso a Lisboa sempre demorou então as 11 horas do costume (sair de casa em Helsínquia, entrar em casa em Lisboa). Este Verão foi no entanto bastante mais longo já que deu para estar dois (2!) meses inteirinhos junto da família e amigos! A primeira metade foi dedicada à preparação para o casamento do mano (sim, foi preciso um mês inteiro para arranjar uma roupa decente, e depois mais uns dias para criar uns missais altamente personalizados, feitos à mão... a mãe também ajudou à empresa familiar. Fotos do casamento não tenho ainda, mas virão! As fotos aqui de cima foi das férias que depois passei com os pais e a avó no Algarve: Quarteira e Sagres, areia, sol e mar...

Voar mais rápido

Pois é, já cá estava há mais de dois anos e visitas de amigos, népias. Até que este ano se juntou outra Diana à Diana que já cá estava! As duas Dianas deambularam pelos parques de Helsínquia, pelos jardins de Helsínquia, pela floresta em Tampere e pelas galerias de arte de Tallin. E descobriram em Linnanmäki um avanço tecnológico que poderia facilitar muito a vida à Diana que já cá estava: uma nave espacial! Esta Diana correu lá para dentro com esperança que o engenho tornasse a viagem entre Helsínquia e Lisboa muito mais rápida e confortável, mas afinal o aparelho voador só fazia viagens com retorno ao ponto de partida...

Só perde direitos quem os tem...

Desde ontem que ouço e leio várias notícias na imprensa portuguesa sobre as alterações à lei do trabalho: menos férias, mais flexibilização dos despedimentos, flexibilização do horário de trabalho, diminuição dos subsídios...

E tristemente só me dá vontade de rir da ironia: porque eu conheço quem não vai ser prejudicado por esta nova lei. Os jovens qualificados e licenciados entre 20 e 40 anos não vão sair prejudicados. Porque nós, NÓS estamos (estive) noutro regime: os recibos verdes!

Só perde férias e subsídio quem tem direito a férias. Só é despedido quem foi primeiro contratado. Só tem o seu horário flexibilizado quem tem direito a ter um horário de trabalho!

Ora os jovens entre os 20 e os 40 que estão a recibo verde, já à partida não tinham direito a nada disto, portanto... NÃO NOS AFECTA NADA!

Uma breve visita ao site do FERVE (Fartos d'Estes Recibos VErdes) mostra a dimensão desta aberração: até o Ministério do Trabalho já contrata pessoal a recibo verde! Ou outra: Sabiam que os manipuladores de bonecos do Contra-Informação também estão a recibo verde?

E a foto aqui em cima foi fanada do site do Mayday Lisboa 2007, também muito ilustrativo.

Como não há dinheiro para pagar a Flexisegurança, parte-se ao meio e fica-se só com a parte Flexi. É a loucura.

A cimeira Lusofinlandesa do chouriço, linguiça e febrinha grelhada

Com míngua de portugueses, mas com fartura de febras e linguiça grelhada, foi mesmo assim: um picnic Lusofin com portas abertas para representantes da Espanha, Checoslováquia, Finlândia e África do Sul! Só faltou o Casal Garcia para acabar de conquistar a malta.

Fez-se ainda publicidade às sopas de cavalo cansado, lembrando um idílico passado da vida rural nortenha. No final do encontro, os dois representantes da lusa comitiva distribuíram como lembrança vários lombos de porco grelhado, congratulando-se mutuamente pelo sucesso do evento.

Estudar, estudar

Este país que tem continuamente sido considerado como aquele que tem o "melhor sistema de educação do mundo" tem também uma elevada taxa de ineficiência escolar ao nível universitário. Para completar um MA (equivalente à nossa antiga licenciatura, 5 ou 6 anos de estudo, 300 créditos) chegam a demorar 10 anos ou mais.

Muitos alunos trabalham em part-time (apesar de todos receberem um subsídio do Estado para estudar e não haver propinas) ou já têm família, o que explica algum do atraso. Ainda assim, 10 anos parece imenso. Mas não há prescrições; o Estado apenas exige que completem 20 créditos por ano para manterem o direito ao subsídio. Quem não requer subsídio não tem limitações.

Será este atraso prejudicial para o Estado? Pois se uma das principais razões é o facto de haver muitos trabalhadores-estudantes, também é verdade que ao trabalharem eles contribuem para o Estado, pagando impostos do seu salário.

É no entanto prejudicial para as Universidades a nível de financiamento. Aqui, uma universidade é financiada consoante o número de estudantes que concluem os estudos em cada ano (atingindo o grau de bacharelato ou mestrado), e não consoante o número de novos estudantes que são admitidos para o primeiro ano. Por isso as universidades não são tentadas a admitir muitos alunos; admitem apenas aqueles que acham mais talentosos (cerca de 30% dos candidatos), e depois esforçam-se no sentido de garantir que eles concluem os cursos o mais rapidamente possível. Soa bem, mas não tem resultado...

A cada ano, cerca de 35.000 estudantes terminam o ensino secundário. Cerca de 27% vão directamente para a universidade e 18% vão para escolas vocacionais (ou politécnicos?). No entanto cerca de 60% desses 35.000 acabam por tirar um curso universitário, ainda que demore em média 2 anos até conseguirem ser admitidos.

A idade média de conclusão dos cursos (MA) é de 28,3 anos. Este ano na minha universidade a pessoa mais nova a concluir o MA tem 25 anos. No meu curso, dos 25 alunos admitidos em 2005 apenas 3 concluíram o MA agora em 2007.

(A foto é da exposição de finalistas de 2007 lá da universidade.)

Vappu sem recibos verdes!

Na Finlândia é difícil ver contestação social. Mesmo o 1º de Maio é mais uma festa de estudantes mais marcada pela ingestão de elevadas quantidades de álcool do que por qualquer tipo de reivindicações. Mas reivindicar o quê, se este já é um dos países com maior tradição de protecção social?

No meio dos estudantes foliões, umas quantas "apanhadoras de lixo" lá se iam esforçando por manter o Kaivopuisto (um dos parques de Helsínquia) com um ar limpinho. E como afinal é o dia do trabalhador, cá fica a foto, em homenagem :)

No mesmo dia em Portugal houve uma manifestação de trabalhadores precários, entre os quais se contam os trabalhadores (involuntários) a recibos verdes: uma situação em que eu infelizmente também estive, e que foi a principal razão pela qual escolhi emigrar.

Recibo verde nunca mais!

De volta à vida

Apenas uma semana após passar a Páscoa em Portugal, cheia de camisolas de lã e casacos... eis que na Finlândia já dá para estar de manga curta num belo fim-de-tarde a assar comidinha num churrasco!

O churrasco organizado pela (mini) associação de estudantes do MediaLab marcou o início do Verão e a linha recta para o fim do ano lectivo. Este segundo semestre foi bastante intenso até à segunda semana de Março - daí a ausência do blog - mas agora já dá para aproveitar as consequências positivas do aquecimento global :) Churrasco ao ar livre numa amena tarde em meados de Abril na Friolândia? Quem diria!

Outra novidade: abri uma conta no Flickr, que é óptimo para partilhar fotos. E muito mais prático quando se trata de "mostrar" mais do que "contar". Aqui: http://www.flickr.com/photos/dianasousa

Há Sea Life em Helsínquia!

Fui visitar o Oceanário cá do sítio. Para variar do gelo e da neve, para lembrar como é a vida no calor tropical :) O sítio chama-se Sea Life, e é recomendável a todas as faixas etárias!

Projectos na UIAH

... e o que se passa lá no Media Lab? Este semestre estamos a projectar (e realizar) uma performance ao vivo utilizando métodos de narração interactiva e design de espaços, sob o título "Inside a Live Reptile Tent". Este á um projecto mais ligado à vertente artística do Media Lab. O projecto culminará com a encenação do espectáculo, durante dois dias, no palco do Lume.

Fiz um blog especial para documentar a evolução deste projecto: reptiletent.blogspot.com

2007 às Portas do Sol

Fui a Lisboa às Portas do Sol fotografar um sítio que fotografei há 10 anos, quando fiz um trabalho para o curso que estava a tirar nas Belas-Artes. Uns remendos aqui e ali, mas sobretudo dominam edifícios (ainda mais) degradados, outros entaipados (para obras?). Mas assim ao longe, a cidade ainda é bonita.

Ao entrar em 2007, lembro-me de ouvir na rádio que tanto Natal como no Ano Novo 2006-2007, houve menos acidentes que no mesmo período do ano passado, mas mais mortos: um total de 18 mortos no Natal (o dobro do ano passado) e pelo menos 8 no Ano Novo.

Das promessas para 2007 pouco há de positivo: o salário mínimo aumenta para cerca de 400 euros - mas continua a não chegar, só o pão aumentará 20%!... (400 euros é o valor da bolsa que o governo da Finlândia paga aos estudantes do ensino superior - a todos os estudantes! E além disso não há propinas...)

Também parece que os jogadores de futebol vão pagar IRS pela totalidade do seu salário (estou para ver, já prometeram greve).

Amanhã já regresso a Helsínquia.