May 24, 2007

Estudar, estudar



Este país que tem continuamente sido considerado como aquele que tem o "melhor sistema de educação do mundo" tem também uma elevada taxa de ineficiência escolar ao nível universitário. Para completar um MA (equivalente à nossa antiga licenciatura, 5 ou 6 anos de estudo, 300 créditos) chegam a demorar 10 anos ou mais.

Muitos alunos trabalham em part-time (apesar de todos receberem um subsídio do Estado para estudar e não haver propinas) ou já têm família, o que explica algum do atraso. Ainda assim, 10 anos parece imenso. Mas não há prescrições; o Estado apenas exige que completem 20 créditos por ano para manterem o direito ao subsídio. Quem não requer subsídio não tem limitações.

Será este atraso prejudicial para o Estado? Pois se uma das principais razões é o facto de haver muitos trabalhadores-estudantes, também é verdade que ao trabalharem eles contribuem para o Estado, pagando impostos do seu salário.

É no entanto prejudicial para as Universidades a nível de financiamento. Aqui, uma universidade é financiada consoante o número de estudantes que concluem os estudos em cada ano (atingindo o grau de bacharelato ou mestrado), e não consoante o número de novos estudantes que são admitidos para o primeiro ano. Por isso as universidades não são tentadas a admitir muitos alunos; admitem apenas aqueles que acham mais talentosos (cerca de 30% dos candidatos), e depois esforçam-se no sentido de garantir que eles concluem os cursos o mais rapidamente possível. Soa bem, mas não tem resultado...

A cada ano, cerca de 35.000 estudantes terminam o ensino secundário. Cerca de 27% vão directamente para a universidade e 18% vão para escolas vocacionais (ou politécnicos?). No entanto cerca de 60% desses 35.000 acabam por tirar um curso universitário, ainda que demore em média 2 anos até conseguirem ser admitidos.

A idade média de conclusão dos cursos (MA) é de 28,3 anos. Este ano na minha universidade a pessoa mais nova a concluir o MA tem 25 anos. No meu curso, dos 25 alunos admitidos em 2005 apenas 3 concluíram o MA agora em 2007.

(A foto é da exposição de finalistas de 2007 lá da universidade.)

May 01, 2007

Vappu sem recibos verdes!


Na Finlândia é difícil ver contestação social. Mesmo o 1º de Maio é mais uma festa de estudantes mais marcada pela ingestão de elevadas quantidades de álcool do que por qualquer tipo de reivindicações. Mas reivindicar o quê, se este já é um dos países com maior tradição de protecção social?

No meio dos estudantes foliões, umas quantas "apanhadoras de lixo" lá se iam esforçando por manter o Kaivopuisto (um dos parques de Helsínquia) com um ar limpinho. E como afinal é o dia do trabalhador, cá fica a foto, em homenagem :)

No mesmo dia em Portugal houve uma manifestação de trabalhadores precários, entre os quais se contam os trabalhadores (involuntários) a recibos verdes: uma situação em que eu infelizmente também estive, e que foi a principal razão pela qual escolhi emigrar.

Recibo verde nunca mais!